sexta-feira, 27 de abril de 2012

Doce Memória (Sweet Memories)


Amor. Para uns "eterno enquanto dura"; para outros, coisa do coração que nem sempre sabe o que é melhor para o vivente que o abriga; muitos o dizem bobagem; poucos a sua inexistência. Romances, novelas, contos e canções o retratam ao longo do tempo como o mais sublime dos sentimentos humanos. Seja ele o representado pela Deusa Vênus Mãe, seja ele o representado pela Deusa Vênus Filha, que, de ambos, é o que mais estragos faz por não depender somente de um, mas da vontade e da existência de outro. Todo ser humano traz dentro de si, uma 'Doce Memória'. Ray Charles cantou e encantou o mundo com Sweet Memories. Noutro dia, em minhas andanças pelo mundo da música encontrei uma versão à língua pátria na voz de um cantor cujo ciúme acabou levando-o a um ato de fraqueza humana, matar. Matou por amor? Matou por ciumes? Matou por ódio? Matou por quê? Mas isso, não invalida sua interpretação impecável! Digna de poucos intérpretes no mundo. Uma versão que traduziu a expressão de sentimento do autor, e não, a tradução mecânica do que foi escrito em língua inglesa. Uma voz feminina associada a sua impõe a suavidade e beleza que a canção de Ray Charles exigiu. Sem preconceitos de estilo musical ou mesmo de quem a interpreta, viaje no seu passado com essa canção, Doce Memória.

Nascido Lindomar Cabral e batizado artisticamente com o sobrenome de Castilho, goiano da cidade de Santa Helena de Goiás, instrumentista, cantor e compositor, construiu uma carreira de sucesso no Brasil e no exterior cantando o amor na relação humana. Um dos maiores vendedores de discos no Brasil, América Latina e Estados Unidos da América na década de 70. Em 30 de março de 1981, Lindomar dirigiu-se a um bar onde Eliane de Grammont, de quem estava separado a um ano se apresentava como cantora, acompanhada pelo instrumentista Carlos Randal, desferindo 5 tiros no palco, dos quais um matou Eliane. Era ali, a vida imitando a arte numa tragédia nas relações humanas muitas vezes expressadas em suas canções.

Luiz Humberto Carrião

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A arte do humor ficou ainda mais pobre: morreu Dicró, o último dos três 'malandros in concert' (*)



O samba, o humor, a irreverência está de luto. Nascido em Mesquita, em 14 de fevereiro de 1946, Carlos Roberto de Oliveira, o Dicró, ficou conhecido por seus sambas irreverentes e letras de duplo sentido. O apelido Dicró é do tempo em que fazia parte da ala de compositores de um bloco de Nilópolis, Baixada Fluminense. Em sua homenagem este Blog posta sua última entrevista ao Jô Soares em 28/07/2011.

(*) Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dricró

Luiz Humberto Carrião

segunda-feira, 16 de abril de 2012

il giorni dell'arcobanelo, Nicola di Bari



Os dias de arco-iris

Eram os dias do arco-iris, passado o inverno o céu estava claro.
E você, com a lua e as estrelas nos olhos sentia uma mão acariciar a sua pele.
E inebriados pelo perfume das flores, a noite se iluminou de milhares de cores.
Estendida sobre a relva como alguém que sonha, deitou-se menina, levantou-se mulher.
Você agora se sente grande. Tornou-se mais forte e segura e iniciou a aventura.
Já são crianças as amigas de antes, que se reencontram em grupo para brincar
E ainda sonham sob um raio de lua.
Vive a vida de mulher importante, porque aos 16 anos já teve um amante.
Mas um dia saberá que toda mulher amadurece cada uma no seu tempo certo.
E que na sua pressa para encontrar o amor esta deixando de viver o melhor da sua idade.
Era os dias de arco iris, finito l'inverno tornava il sereno.

Nicola di Bari, pseudônimo do cantor italiano Michele Scommegna, abençoado com uma das mais belas vozes já ouvidas neste Planeta.

Somente um homem pode fazer de ti, oh! minha menina, uma mulher. Esse homem existiu?
Se existiu na certeza deixará em ti um rasto de tristeza e solidão pelos descaminhos do Amor.
Se não. Não te esqueça de suas bonecas, de suas casinhas, de andar pela enxurrada descalça.
Somente assim é que poderá um dia olhar para trás e sentir quão bela era a vida antes do Amor.

Luiz Humberto Carrião.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Bella Senz'Anima





Bella Senz'Anima (Bela sem alma)
Ricardo Concciante

Infeliz daquele que não consegue curar-se pela dor da mentira, do egoísmo, da vaidade, principalmente,  quando vitimado pela ilusão. Torna-se como a água, prisioneira de um único caminho, a descida. Mas, por este caminho, depois de deixar na serra um segredo que encanta mais que o mar, alcança as alturas.

Água dos caminhos tortuosos;
Água dos caminhos sem volta;
Água dos medos da imensidão;
Água dos pensamentos sublimes ao virar oceano;
Água dos desejos de ensinar os humanos.

Água que para a sua missão é obrigada a evaporação;
Água que no céu em pequena gotícula vive a transformação;
Água que em queda livre busca a pétala que lhe estende as mãos;
Água que da beleza da flor escorre para as imundices do chão;
Água que do chão, aos riachos, rios e oceanos cumpre nova missão.

Quem tem ouvidos, que ouçam;
Quem tem olhos, que vejam;
Quem tem sensibilidade, que sintam.

Hoje acordei com uma gotícula acariciando-me a face,
Era o sorriso do meu filho me entregando as asas da LIBERDADE.

Luiz Humberto Carrião







Ricardo Concciante nasceu em Saigon (atual Ho Chi Ming), no Vietnâ, 1946, filho de pai italiano e de mãe francesa. Transferiu-se para a cidade de Roma aos 11 anos de idade, e em 1970 assina o seu primeiro contrato com a RCA e, no ano de 1972, torna-se conhecido mundialmente através da canção Bella Senz'Anima (Bela sem alma).


terça-feira, 3 de abril de 2012

Janis Lyn Joplin, The Rose





A Rosa (Janis Joplin)

Alguns dizem que o amor é rio que afoga a relva macia.
Alguns dizem que o amor é navalha que deixa sua alma sangrando.
Alguns dizem que o amor é fome, necessidade infinita de dor.
Eu digo: é uma flor. E você, é somente uma semente.

É o coração com medo de quebrar e nunca aprende a dançar.
É o sonho com medo de acordar e não mais ter uma chance.
É o único, que não será tomado, quem não pode parece dar.
É a alma. Medo de morrer, que nunca aprende a viver.

Quando a noite tiver sido solitária e o caminho ter sido longo.
Que você acha que o amor é apenas para os privilegiados e fortes,
Basta lembrar que no inverno distante sob a neve amarga,
Está a semente que com o amor do sol, na primavera, torna-se rosa.



Janis Lyn Joplin ...faltavam 88 dias para acabar o ano de 1970. Oito de outubro. Data chorada pelo rio Ñacahuasu que em suas águas espelhou a mais bela flor da América do Sul, Ernesto Rafael Guevara de La Serna. Data em que o mistério calava como tantos outros, a voz inigualável da menina que havia estado no Brasil alguns meses antes, fevereiro, na tentativa de livrar-se do vício da heroína. Menina que foi expulsa do Copacabana Palace por nadar nua na piscina; que por sua maneira agressiva de vestir foi barrada pelo segurança de uma escola de samba; que fez topless na praia de Copacabana; que se entregou ao roqueiro Serguei; que bebeu e cantou em um bordel; que não apareceu no estúdio para gravar. Uma overdose de heroína combinada com o efeito do álcool a calou para sempre. E com ela os temas de perda e de dor que marcaram suas canções como The Rose, que emprestou nome ao filme baseado em sua vida. Antes dela Robert Johnson, Brian Jones, Jimi Hendrix, e depois, Jim Morrison, Kurt Cobain, Emi Winehouse, todos aos 27 anos de idade e com a mesma causa mortis: degradação biológica pela combinação de álcool e droga

Luiz Humberto Carrião