quarta-feira, 30 de maio de 2012

Quem tem medo da obsessão?


Tensões e ansiedades. 
Angustias e depressões. 
Perturbações e desequilíbrios. 
Neuroses e psicoses. 
Desentendimentos e desuniões. 
Agressividade e violência. 
Vícios e compulsões.

Jean Paul, citado por Flávio Carneiro em O LEITOR FINGIDO, editora Rocco. Brasil. 2010, afirma que ‘livros são cartas endereçadas a amigos, só que mais longas’. Assim me pareceu o livro de autoria de Richard Simonetti, QUEM TEM MEDO DA OBSESSÃO? Veio-me a uma releitura dez anos depois, com uma observação à página 92: ‘É necessário um estudo mais profundo de minha parte sobre a obsessão fascinação para encontrar o porquê de tudo que estou passando. 14.7.2002. Carrião’. Desliguei a televisão. Tomei um caderno de anotações. Debrucei sobre o livro madrugada afora. Ao contrário, como sempre faço não me propus a uma opinião sobre a obra, e sim, uma resenha, tamanha importância do assunto tratado.

Quem tem medo da morte?
Quem tem medo dos espíritos?
Quem tem medo da obsessão?

Richard Simonetti, em - QUEM TEM MEDO DA OBSESSÃO? - procura ‘desmitificar a tão temida influência demoníaca que as fantasias teológicas vêm sustentando’. Espírita, atribui muito de nossos desajustes e enfermidades a influências espirituais. O Espiritismo vai mais além, escreve o Simonetti. Submetendo o fenômeno mediúnico a rigorosos métodos de experimentação, o que lhe permite superar crendices, mitos e superstições, demonstra que anjos e demônios são apenas homens desencarnados, as Almas dos mortos, agindo de conformidade com suas tendências. São regidos, entretanto, por leis divinas que mais cedo ou mais tarde nos conduzirão todos à perfeição. Esse o objetivo de Deus que, como ensinava Jesus, não quer perder nenhum de seus filhos. E não perde mesmo. Se perdesse, não seria Onipotente, observa o autor.

Dicionário de Filosofia Espírita. Palhano Junior. Edições CELD. Rio de Janeiro, 1999. Espiritismo. (Do francês: Espiritisme) Doutrina codificada por Allan Kardec, baseada nas evidências da sobrevivência da alma e da comunicação dos Espíritos com os homens, por meio da mediunidade. ‘O Espiritismo é uma ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo’. Obsessão. Impertinência; perseguição; vexação. Preocupação exagerada com determinada ideia, que domina de modo doentio o espírito, sendo resultante ou não de sentimentos recalcados. Ideia Fixa. Mania. Segundo Allan Kardec em ‘O Livro dos Médiuns’ (Cap. XXIII) obsessão, na ideia espírita, é o domínio que alguns Espíritos inferiores logram adquirir sobre certas pessoas. Kardec lembra ainda que os Espíritos Superiores e Bons, nunca infligem constrangimentos, ao contrário, aconselham, combatem a influência dos maus espíritos. Os maus espíritos, quando podem e conseguem, agarram-se àqueles de quem podem fazer suas presas. Chega-se a dominar alguém se identifica como espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. A obsessão, então, consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua. A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: obsessão simples; fascinação e subjugação. 1. Obsessão simples: influência de um Espírito malfazejo que se imiscui no campo mental de uma pessoa e o importuna de várias maneiras, psicológica, física e moralmente. 2. A fascinação é muito mais grave. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio. O fascinado, médium ou não, não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega (hipnótica), que o impede de ver o embuste e de compreender os seus atos, por mais que o absurdo deles salte aos olhos de toda gente. 3. A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções Muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas. Quase que uma fascinação, só que compulsiva. No segundo caso, o Espírito atua sobre as regiões motoras do cérebro em transe e provoca movimentos involuntários. Pode levar aos mais ridículos atos. Obsedado. Que sofre a ação infortuna e tenaz de alguém, de um espírito, de uma ideia; completando a trilogia, obsessor, aquele que causa obsessão; que importuna.

Influem os Espíritos em nosso pensamento e, em nossos atos?

Um novo esclarecimento: Espírito. (do latim: Spiritus = sopro, vento, hálito, respiração, exalação, sopro divino, gênio, espírito, alma: do grego: pneuma. Em Aristóteles, pneuma era o poder formativo e invisível, e, assim, a palavra aproximou-se do significado atribuído a psyché (alma). Alma era puramente funcional – alma das coisas – e pneuma era usado como substância. Para o Espírita, alma é o Espírito encarnado. No sentido especial da doutrina espírita, os Espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do mundo material; constituem os seres inteligentes do mundo invisível, ou mundo espiritual. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém as almas dos que viveram na Terra, ou nos outros planetas, e que deixaram o invólucro corporal. Diz-se que a alma é o Espírito encarnado. Parte imaterial do ser humano.

Questão 459 de O Livro dos Espíritos em resposta à pergunta: ‘Muito mais do que imaginamos; influenciam a tal ponto, que de ordinário são eles que os dirigem’. Os Espíritos estão aqui. O mundo espiritual é esse aqui. Aqui é que os Espíritos viciados procuram satisfazer o vício; vítimas intentam vingar-se de seus algozes; usurários defendem o ouro amoedado; ambiciosos pretendem sustentar dominação; fugitivos da luz trabalham em favor das trevas; famintos de sexo vampirizam sexólatras; gênios da maldade semeiam confusão; e, e alienados da realidade espiritual perturbam familiares. É toda uma imensa população invisível que nos acompanha e influencia, não raro, transformando-nos em instrumentos de seus desejos, manipulando-nos como se fossemos marionetes.

Simonetti assevera que Tato, Paladar, Audição, Visão e Olfato nos colocam em contato com o mundo físico, a mediunidade, um sexto sentido, nos coloca em contato com o mundo invisível, o espiritual. Mediunidade. É uma faculdade inerente ao homem que permite a ela a percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui um privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade orgânica, é hereditária e depende de um organismo mais ou menos sensitivo. Só se classificam pessoas como médiuns, se a mediunidade se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade. Essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resultam variedades quantas são as espécies de manifestação.

Anjos e Demônios são espíritos que atuam, no caso especifico, sobre o encarnado de acordo com seu grau de evolução. Simonetti define a obsessão como uma espécie de torcicolo mental, onde o indivíduo sente-se dominado por determinados pensamentos ou sentimentos, como se fosse uma paralisia da vontade que lhe impõe embaraços à apreciação serena e saudável dos conjuntos existenciais. Em uma frase: ‘Obsessão é ideia fixa. É um comportamento insólito e compulsivo. Assim define a obsessão: 1. Obsessão simples começa geralmente como auto-obsessão, onde o obsedado passa a se comportar de maneira como é visto; A fascinação é mais envolvente que a simples. O obsedado é convencido de realidade em suas fantasias. ‘Na obsessão simples o obsediado sabe que está errado nos absurdos em que incorre; na fascinação ele não tem nenhuma dúvida de que está absolutamente certo’. Utilizando-se de uma imagem, Simonetti, compara o obsediado simples a um neurótico do ponto de vista clínico, e o obsedado fascinante a um psicótico, e ilustra com a frase de Jerome Laurence, dramaturgo norte americano: ‘O neurótico constrói um castelo no ar; o psicótico, mora nele’, e, acentua de maneira mordaz, Laurence, referindo-se às sessões terapêuticas: ‘O psiquiatra cobra o aluguel que muita das vezes é vitalícia’. Sobre isso, escreve Simonetti: ‘Curiosamente, a vítima da obsessão simples pode encontrar a cura de seus padecimentos submetendo-se à terapia freudiana. Uma negação aos princípios espíritas? Não! Ocorre exatamente o contrário. O sucesso da psicanálise apenas confirma o Espiritismo. A explicação e simples: Iniciada a análise, estabelece-se uma disputa entre o médico e o obsessor. O médico, usando a palavra articulada, procura induzir o paciente a reagir aos seus temores e angústias, conquistando a estabilidade emocional. O obsessor, pelos condutos do pensamento, trata de sugestioná-lo para que permaneça no desequilíbrio. Se o psicanalista possuir um poder de persuasão mais avantajado provavelmente prevalecerá sua iniciativa, favorecendo a recuperação do paciente. [...] Tão logo é suspenso o tratamento o obsessor volta a envolver o obsedado, explorando-lhes as fraquezas e precipitando-o em novas crises. Muita conversa e dinheiro desperdiçados porque o psicanalista, geralmente orientado por concepções materialistas, tem os olhos cerrados à realidade espiritual’.

Uma das fascinações mais freqüentes ao obsedado é a amorosa, principalmente, quando a partir da tração física instala-se o desejo irrefutável de comunhão carnal, em paradoxos passionais. E, finalmente, na obsessão demoníaca já uma subjugação onde o obsessor controla os movimentos do obsedado, sobrepondo-se suas reações, impõe-se lhe gemidos, gritos, estertores, orgasmos, desmaios, desvarios incontroláveis. Simonetti esclarece que ‘animados por mórbidos propósitos o perseguidor invisível tanto mais se compraz quanto maior a degradação a que consegue submeter a vítima, levando-a, não raro, a precipitar-se na solidão de cubículos destinados a inquietos e agressivos enfermos mentais.

Tanto quanto o amor, o ódio recíproco estabelece estreitos vínculos. Há apenas uma diferença: os que se amam auxiliam-se mutuamente, em laboriosas jornadas de progresso e bem estar. Os que se odeiam agridem-se interminavelmente, com vantagem eventual para aqueles que se situam no anonimato, quando despidos da carne, em transito pelo além. Jesus dizia que espíritos dessa natureza só podem ser afastados com jejum e oração. Se por um lado o jejum simboliza o empenho de superar a natureza animal, representada pelos vícios e paixões; a oração simboliza o empenho de cultivar a natureza espiritual, buscando a comunhão com Deus. A obsessão geralmente origina-se de sombrios dramas pessoais de inenarráveis tragédias ocorridas no passado distante ou próximo; em existências anteriores ou na atual, assevera Simonetti.

A verdade liberta!
Procure a sua.

Luiz Humberto Carrião              

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