Tensões e ansiedades.
Angustias e depressões.
Perturbações
e desequilíbrios.
Neuroses e psicoses.
Desentendimentos e desuniões.
Agressividade
e violência.
Vícios e compulsões.
Jean Paul, citado por Flávio Carneiro em O LEITOR FINGIDO,
editora Rocco. Brasil. 2010, afirma que ‘livros são cartas endereçadas a
amigos, só que mais longas’. Assim me pareceu o livro de autoria de Richard
Simonetti, QUEM TEM MEDO DA OBSESSÃO? Veio-me a uma releitura dez anos depois,
com uma observação à página 92: ‘É necessário um estudo mais profundo de minha
parte sobre a obsessão fascinação para encontrar o porquê de tudo que estou
passando. 14.7.2002. Carrião’. Desliguei a televisão. Tomei um caderno de
anotações. Debrucei sobre o livro madrugada afora. Ao contrário, como sempre faço
não me propus a uma opinião sobre a obra, e sim, uma resenha, tamanha importância
do assunto tratado.
Quem tem medo da morte?
Quem tem medo dos espíritos?
Quem tem medo da obsessão?
Richard Simonetti, em - QUEM TEM MEDO DA OBSESSÃO? - procura
‘desmitificar a tão temida influência demoníaca que as fantasias teológicas vêm
sustentando’. Espírita, atribui muito de nossos desajustes e enfermidades a
influências espirituais. O Espiritismo vai mais além, escreve o Simonetti. Submetendo
o fenômeno mediúnico a rigorosos métodos de experimentação, o que lhe permite
superar crendices, mitos e superstições, demonstra que anjos e demônios são
apenas homens desencarnados, as Almas dos mortos, agindo de conformidade com
suas tendências. São regidos, entretanto, por leis divinas que mais cedo ou
mais tarde nos conduzirão todos à perfeição. Esse o objetivo de Deus que, como
ensinava Jesus, não quer perder nenhum de seus filhos. E não perde mesmo. Se
perdesse, não seria Onipotente, observa o autor.
Dicionário de Filosofia Espírita. Palhano Junior. Edições
CELD. Rio de Janeiro, 1999. Espiritismo.
(Do francês: Espiritisme)
Doutrina codificada por Allan Kardec, baseada nas evidências da sobrevivência
da alma e da comunicação dos Espíritos com os homens, por meio da mediunidade. ‘O
Espiritismo é uma ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis,
a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo
corpóreo’. Obsessão. Impertinência;
perseguição; vexação. Preocupação exagerada com determinada ideia, que domina
de modo doentio o espírito, sendo resultante ou não de sentimentos recalcados.
Ideia Fixa. Mania. Segundo Allan Kardec em ‘O Livro dos Médiuns’ (Cap. XXIII)
obsessão, na ideia espírita, é o domínio que alguns Espíritos inferiores logram
adquirir sobre certas pessoas. Kardec lembra ainda que os Espíritos Superiores
e Bons, nunca infligem constrangimentos, ao contrário, aconselham, combatem a
influência dos maus espíritos. Os maus espíritos, quando podem e conseguem,
agarram-se àqueles de quem podem fazer suas presas. Chega-se a dominar alguém se
identifica como espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. A
obsessão, então, consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue
desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua. A obsessão apresenta caracteres
diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e
da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo
genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais
variedades são: obsessão simples; fascinação e subjugação. 1. Obsessão simples:
influência de um Espírito malfazejo que se imiscui no campo mental de uma
pessoa e o importuna de várias maneiras, psicológica, física e moralmente. 2. A
fascinação é muito mais grave. É uma ilusão produzida pela ação direta do
Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o
raciocínio. O fascinado, médium ou não, não acredita que o estejam enganando: o
Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega (hipnótica), que o impede de
ver o embuste e de compreender os seus atos, por mais que o absurdo deles salte
aos olhos de toda gente. 3. A subjugação pode ser moral ou corporal. No
primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções Muitas vezes
absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas.
Quase que uma fascinação, só que compulsiva. No segundo caso, o Espírito atua
sobre as regiões motoras do cérebro em transe e provoca movimentos involuntários.
Pode levar aos mais ridículos atos. Obsedado.
Que sofre a ação infortuna e tenaz de alguém, de um espírito, de uma ideia;
completando a trilogia, obsessor,
aquele que causa obsessão; que importuna.
Influem os Espíritos em nosso pensamento e, em nossos atos?
Um novo esclarecimento: Espírito.
(do latim: Spiritus = sopro, vento,
hálito, respiração, exalação, sopro divino, gênio, espírito, alma: do grego: pneuma. Em Aristóteles, pneuma era o poder formativo e
invisível, e, assim, a palavra aproximou-se do significado atribuído a psyché (alma). Alma era puramente
funcional – alma das coisas – e pneuma era
usado como substância. Para o Espírita, alma
é o Espírito encarnado. No sentido especial da doutrina espírita, os
Espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do
mundo material; constituem os seres inteligentes do mundo invisível, ou mundo
espiritual. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém as almas dos
que viveram na Terra, ou nos outros planetas, e que deixaram o invólucro
corporal. Diz-se que a alma é o Espírito encarnado. Parte imaterial do ser
humano.
Questão 459 de O Livro dos Espíritos em resposta à pergunta:
‘Muito mais do que imaginamos; influenciam a tal ponto, que de ordinário são
eles que os dirigem’. Os Espíritos estão aqui. O mundo espiritual é esse aqui.
Aqui é que os Espíritos viciados procuram satisfazer o vício; vítimas intentam
vingar-se de seus algozes; usurários defendem o ouro amoedado; ambiciosos
pretendem sustentar dominação; fugitivos da luz trabalham em favor das trevas;
famintos de sexo vampirizam sexólatras; gênios da maldade semeiam confusão; e,
e alienados da realidade espiritual perturbam familiares. É toda uma imensa
população invisível que nos acompanha e influencia, não raro, transformando-nos
em instrumentos de seus desejos, manipulando-nos como se fossemos marionetes.
Simonetti assevera que Tato, Paladar, Audição, Visão e
Olfato nos colocam em contato com o mundo físico, a mediunidade, um sexto sentido,
nos coloca em contato com o mundo invisível, o espiritual. Mediunidade. É uma faculdade inerente ao homem que permite a ela a
percepção, em um grau qualquer, da influência dos Espíritos. Não constitui um
privilégio exclusivo de uma ou outra pessoa, pois, sendo uma possibilidade
orgânica, é hereditária e depende de um organismo mais ou menos sensitivo. Só
se classificam pessoas como médiuns, se a mediunidade se mostra bem
caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade. Essa
faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos. Geralmente, os médiuns têm
uma aptidão especial para os fenômenos desta, ou daquela ordem, donde resultam variedades
quantas são as espécies de manifestação.
Anjos e Demônios são espíritos que atuam, no caso especifico,
sobre o encarnado de acordo com seu grau de evolução. Simonetti define a
obsessão como uma espécie de torcicolo mental, onde o indivíduo sente-se
dominado por determinados pensamentos ou sentimentos, como se fosse uma
paralisia da vontade que lhe impõe embaraços à apreciação serena e saudável dos
conjuntos existenciais. Em uma frase: ‘Obsessão é ideia fixa. É um
comportamento insólito e compulsivo. Assim define a obsessão: 1. Obsessão simples
começa geralmente como auto-obsessão, onde o obsedado passa a se comportar de maneira
como é visto; A fascinação é mais envolvente que a simples. O obsedado é
convencido de realidade em suas fantasias. ‘Na obsessão simples o obsediado
sabe que está errado nos absurdos em que incorre; na fascinação ele não tem
nenhuma dúvida de que está absolutamente certo’. Utilizando-se de uma imagem,
Simonetti, compara o obsediado simples a um neurótico do ponto de vista clínico,
e o obsedado fascinante a um psicótico, e ilustra com a frase de Jerome
Laurence, dramaturgo norte americano: ‘O neurótico constrói um castelo no ar; o
psicótico, mora nele’, e, acentua de maneira mordaz, Laurence, referindo-se às
sessões terapêuticas: ‘O psiquiatra cobra o aluguel que muita das vezes é vitalícia’.
Sobre isso, escreve Simonetti: ‘Curiosamente, a vítima da obsessão simples pode
encontrar a cura de seus padecimentos submetendo-se à terapia freudiana. Uma
negação aos princípios espíritas? Não! Ocorre exatamente o contrário. O sucesso
da psicanálise apenas confirma o Espiritismo. A explicação e simples: Iniciada
a análise, estabelece-se uma disputa entre o médico e o obsessor. O médico,
usando a palavra articulada, procura induzir o paciente a reagir aos seus
temores e angústias, conquistando a estabilidade emocional. O obsessor, pelos
condutos do pensamento, trata de sugestioná-lo para que permaneça no
desequilíbrio. Se o psicanalista possuir um poder de persuasão mais avantajado
provavelmente prevalecerá sua iniciativa, favorecendo a recuperação do
paciente. [...] Tão logo é suspenso o tratamento o obsessor volta a envolver o
obsedado, explorando-lhes as fraquezas e precipitando-o em novas crises. Muita
conversa e dinheiro desperdiçados porque o psicanalista, geralmente orientado
por concepções materialistas, tem os olhos cerrados à realidade espiritual’.
Uma das fascinações mais freqüentes ao obsedado é a amorosa,
principalmente, quando a partir da tração física instala-se o desejo
irrefutável de comunhão carnal, em paradoxos passionais. E, finalmente, na
obsessão demoníaca já uma subjugação onde o obsessor controla os movimentos do
obsedado, sobrepondo-se suas reações, impõe-se lhe gemidos, gritos, estertores,
orgasmos, desmaios, desvarios incontroláveis. Simonetti esclarece que ‘animados
por mórbidos propósitos o perseguidor invisível tanto mais se compraz quanto
maior a degradação a que consegue submeter a vítima, levando-a, não raro, a
precipitar-se na solidão de cubículos destinados a inquietos e agressivos
enfermos mentais.
Tanto quanto o amor, o ódio recíproco estabelece estreitos
vínculos. Há apenas uma diferença: os que se amam auxiliam-se mutuamente, em
laboriosas jornadas de progresso e bem estar. Os que se odeiam agridem-se interminavelmente,
com vantagem eventual para aqueles que se situam no anonimato, quando despidos
da carne, em transito pelo além. Jesus dizia que espíritos dessa natureza só
podem ser afastados com jejum e oração. Se por um lado o jejum simboliza o
empenho de superar a natureza animal, representada pelos vícios e paixões; a
oração simboliza o empenho de cultivar a natureza espiritual, buscando a
comunhão com Deus. A obsessão geralmente origina-se de sombrios dramas pessoais
de inenarráveis tragédias ocorridas no passado distante ou próximo; em existências
anteriores ou na atual, assevera Simonetti.
A verdade liberta!
Procure a sua.
Luiz Humberto Carrião
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